Não cometerás adultério

(Ex. 20: 14; Dt. 5: 8)

Esta dissertação aborda o conceito contigo no Antigo Testamento, também conhecido pelos judeus como Tanakh. Como continuação, haverá outras dissertações sobre o Novo Testamento, uma com traduções deste versículo para outras línguas além do Hebraico (por exemplo, Grego Antigo e Latim) e outra com relação às práticas fora da Bíblia.

O Hebraico é uma língua muito menos fantasiosa do que as traduções modernas insinuam. O Rei James começou a tradução dos últimos cinco testamentos com "Tu não deverás...". Em hebraico, a linguagem é muito mais direta. Ex. 20: 13, "Tu não deverás matar", e em Hb.: "Não rasgarás", versículo 14; "Tu não deverás cometer adultério, e em Hb.: "Não cometerás adultério"; e versículo 15 "Tu não deverás roubar", enquanto em Hb.: "Não roubarás".

Então, o mandamento acima, que se encontra em discussão, seria traduzido de forma mais apropriada como "Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás".

Será que cometer adultério, em nossa interpretação moderna, significa de fato um homem trair uma mulher ao manter relações sexuais com outra pessoa? Um homem, na sociedade hebraica primitiva, estaria violando o direito de sua esposa ao fazer isso?

Não! Primeiramente, não existe uma palavra para a esposa em hebraico. A palavra "ishah" tem sido frequentemente traduzida como "esposa", mas na verdade significa somente "mulher". Um pronome possessivo pode indicar uma relação, como "sua mulher", significando que é a mulher de certo homem. Entretanto, o uso da palavra "esposa" como tradução de "ishah" é sempre interpretativa e nunca significa a atual mulher moderna e emancipada.

Além de não haver uma palavra para "esposa", também não há palavras para "esposo" ou "casamento" em hebraico. A palavra "ish" significa "homem" em geral, e tem sido traduzida como "esposo" quando interpretada de tal forma pelos tradutores. Eventualmente, outra palavra que também tem sido traduzida como "esposo" é a palavra "baal". Esta, significa "proprietário" e em Ex. 21: 28 é usada para definir o proprietário de gado! Não havia o processo do casamento. As mulheres eram dadas ("nathan") e tomadas ("laqach"). Os caciques de tribos, chamados "chathan", eram os responsáveis pela troca de suas filhas entre as tribos. A palavra "chathan" também pode ser considerada um verbo para descrever este processo de negociação, sendo que muitas vezes essa palavra tem sido traduzida como "realizar casamentos", como por exemplo em Gn. 34: 9.

O substantivo "chathan" tem sido diversamente traduzido como "sogro", "genro", "noivo" e "esposo", dependendo se dois caciques fizeram a negociação entre si e depois destinaram as jovens a integrantes de suas tribos ou se alguém obteve uma mulher por meio de negociações de caciques para si mesmo, o que era muito raro (Moisés em Ex. 2; Rei Salomão em 1. Reis 3.)

Tais mulheres poderiam ter qualquer direito contra seus homens? Gn. 19 conta a história de Ló, que vivia em Sodoma. Havia alguns anjos visitando a cidade e Ló os convidou para ficar em sua casa. Durante a noite, sua casa foi rodeada por homens de Sodoma que exigiram que Ló entregasse os visitantes para que eles os conhecessem. Mesmo que este não seja um pedido abusivo, é geralmente interpretado como o desejo dos Sodomitas de violentar os convidados de Ló. Ló saiu da casa e disse (Gn. 19: 7 e 8), "Suplico-vos, meus irmãos, não cometais este crime. Ouvi: tenho duas filhas que são ainda virgens, eu vo-las trarei e fazei delas o que quiserdes. Mas não façais nada a estes homens, porque se acolheram à sombra de meu teto".

Caro leitor, se você tivesse convidados e sua casa estivesse rodeada por um grupo de motoqueiros, e estes pedissem para trazer seus convidados para poder abusá-los, você traria suas filhas no lugar? Isso ocorreu antes de Moisés, mas há um incidente similar em Jz. 19, no qual uma mulher é literalmente entregue a homens e então "trepada" até morrer (desculpe, mas a expressão parece apropriada aqui). Isso ocorreu pouco depois de Moisés.

Poderia, tal mulher, ter qualquer direito contra os homens? Nessa época, as mulheres eram posses e os homens poderiam fazer o que quisessem com elas. Assim, a mulher possuída é tratada no âmbito do último mandamento, Ex. 20: 17: "Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence".

Alguns contam esse versículo como dois mandamentos. Os mesmos contam o segundo mandamento, em Ex. 20: 4 a 7, como uma explicação ao primeiro. Entretanto, por que um versículo conteria dois mandamentos? Mesmo os que são curtos, mencionados acima, têm um versículo próprio!

Ex. 20: 17 é o mandamento para não cobiçar qualquer coisa do seu vizinho. Aqui, qualquer coisa significa a casa do seu vizinho! A casa em questão não é a feita por paredes e um teto, mas sim a família e as posses, como por exemplo em Ex. 6: 14: "Eis os chefes das famílias dos israelitas: filhos de Ruben, primogênito de Israel: Henoc, Falu, Hesron e Carmi. Estas são as famílias de Ruben". Quando os israelitas receberam esses mandamentos, eles viviam em tendas.

Dessa maneira, a primeira parte de Ex. 20: 17 é o mandamento completo: "Não cobiçarás a casa do teu próximo". O restante é uma explicação sobre tudo que está contido nesta casa: "não cobiçarás a mulher do teu próximo" (não havia uma palavra para esposa), "nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence".

Em outras palavras, a mulher é abordada no último mandamento, ou seja, o menos importante. Ela é mencionada entre as posses do vizinho! Essa mulher não tem o direito de exigir que seu esposo ("baal" ou a versão do Rei James: esposo) não tenha relações sexuais com outra mulher.

Todos os mandamentos têm a mesma importância? Quando perguntaram a Jesus qual é o maior mandamento na Lei, ele respondeu (Mt. 22: 37 a 40), "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas".

Assim, se você não conhece as escrituras, esses dois mandamentos ainda lhe permitem ser um bom Cristão!

Esse mandamento, mencionado primeiramente por Jesus, é uma referência do primeiro mandamento (Ex. 20: 2 e 3), "Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de minha face".

Então, o primeiro ou grande mandamento é mencionado antes. Em seguida, há mandamentos que dizem respeito a Deus, para não serem feitas imagens ou adorações, não falar o nome do SENHOR em vão, para lembrar o dia de sábado, visto que Deus descansou no dia após ter finalizado a Criação. Esses mandamentos certamente se referem a Deus.

Os próximos mandamentos certamente falam sobre o vizinho. Há várias outras infrações reparáveis. Ex. 20: 15 diz "Não furtarás", e o verso 16 diz, "Não levantarás falso testemunho contra teu próximo". Então, o versículo 17 menciona a cobiça sobre a casa ou os bens do vizinho, incluindo sua mulher. Agora, este último sequer considera o vizinho. Roubar é proibido no versículo 15. Assim, este mandamento se preocupa com o bem-estar da alma do próximo como, por exemplo, não sofrer por desejar a casa do seu vizinho.

Portanto, os primeiros mandamentos (Ex. 20: 2 a 11) são referentes à relação do homem com Deus. O próximo (Ex. 20: 12), diz: "Honra teu pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o SENHOR, teu Deus". Isto parece mencionar os pais, mas pode ser sobre outra coisa. No Tanakh, há exemplos sobre quando alguém era punido por "imitar seu pai e arrastar Israel ao pecado (1. Reis 15: 26; 1. Reis 22: 52). Por isso, só seguir o exemplo de seu pai não significa o próprio valor! Poderia o pai ser Abraão, Isaac ou Jacó?

Eles eram certamente venerados pela sociedade israelita. A mãe poderia ser a nação ou a cidade, de acordo com o léxico de Gesenius. Por exemplo, em 2 Sm. 20, Sebá, filho de Bocri, organizou uma revolta contra o Rei Davi. O Rei Davi enviou homens atrás dele e ele escapou para a cidade de Abel-Bet-Maaca. Durante o cerco, uma mulher chamou-o do muro (2. Sm. 20: 19): "Sou eu, uma das pacíficas e das fiéis em Israel; porém tu procuras destruir uma cidade e uma mãe em Israel. Por que queres aniquilar a herança do SENHOR?" Aqui, a mãe é a cidade. As mulheres geralmente não tinham que temer por suas vidas, em particular as mulheres de Israel. Elas eram salvas e levadas (versão do Rei James, casadas).

Então, é possível que o mandamento que menciona o pai e a mãe (Ex. 20: 12), não se refira aos pais biológicos, mas aos antepassados e à nação ou à cidade. Isso ainda pode ser visto como um mandamento sobre Deus. Esses antepassados eram os homens sagrados de Deus e a cidade e a nação foram escolhidas por Ele. Não há referência ao vizinho ou a outras pessoas.

Agora, os próximos três mandamentos (Ex. 20: 13 a 15), são: "Não matarás", "Não cometerás adultério", "Não roubarás". Esta é a ordem no conhecido texto hebraico massorético (TM, abreviando). O texto foi compilado por um grupo de judeus, chamados massoretas, entre 600 A.D e 1000 A.D. Em outras palavras, partes desse texto foram concluídas mesmo após o término do Alcorão.

Havia dois textos em uso antes disso, o Vulgata, escrito em Latim cerca de 400 A.D por São Jerônimo, e a Septuaginta (LXX, abreviando), escrita em Grego Antigo no segundo século a.C. Este é o texto bíblico mais antigo e completo que há hoje, apesar de não estar escrito em hebraico. Muitos estudiosos acreditam que esta obra é superior ao texto massorético, visto que foi traduzida por um texto original mais antigo e, logo, mais preciso. A Igreja Católica tem mantido a Septuaginta como superior por muito tempo.

A ordem dos mandamentos na Septuaginta é diferente. O mandamento sobre os pais é Ex. 20: 12 em ambas as versões. 20: 13 no TM é "Não matarás" enquanto na LXX é "Não cometerás adultério". O mandamento sobre matar é mencionado em seguida na LXX. Então é possível que na sequência original "Não cometerás adultério" tenha precedido os mandamentos sobre matar e roubar. Isto significa que era um mandamento mais importante e, principalmente, a respeito de Deus, e não um mandamento sobre o simples vizinho e, certamente, não um mandamento sobre uma mulher que poderia ser facilmente entregue a um grupo de estupradores para proteger totais estranhos.

Assim, o que significa de fato "na'aph", ao contrário da tradução do Rei James como "adultério"? Primeiramente, é interessante compreender o que a palavra "adultério" significa. Originária da palavra latina "adulterare", significa forjar, falsificar, corromper. Esta palavra, então, implica na inserção de uma criança falsa ou forjada na esposa de outro homem.

A palavra "na'aph" ocorre trinta e uma vezes no Tanakh. Além disso, existe a palavra "ni’uph" que ocorre duas vezes e "na’aphuph" que ocorre uma vez. O que é interpretado pode ser inferido do contexto, tendo em mente que uma mulher era uma posse sem direitos, particularmente sem o direito de restringir a vida sexual de seu proprietário, e essa cobiça entre homens com relação à mulher era proibida no último e menos importante mandamento.

Em alguns casos, nada pode ser inferido do contexto como, por exemplo, no mandamento de proibição. Para os antigos, o entendido deveria estar claro.

Há situações que se referem a ter sexo com a mulher de outro homem, e outras situações, como em Jó 24: 15 que parecem se referir a infração e invasão, como um ladrão que escava uma casa à noite. Da mesma forma, em Sl. 50: 18 a palavra se refere a roubo.

Mas além de roubo parecia haver o culto a um outro deus ou deusa, possivelmente Asherah. Assim, parece ter existido o costume de se oferecer um sacrifício em honra dessa outra divindade antes de qualquer ato sexual. Pr. 30: 20: “Este é o caminho da adúltera: ela come e limpa a boca, e diz: 'Não fiz nada de errado'”. Por isso, aqui, o pecado está relacionado a comer algum sacrifício, e não a sexo.

Também, há referências sobre pessoas que cometem adultério com sangue em suas mãos (Ez. 23; Os 4: 2). Agora, no geral, o uso da palavra pelos profetas é bem diferente do uso nos livros da Lei. Estes, lidam com uma proibição, enquanto os profetas lidam com alertas contra idolatria, indicando, no geral, que as pessoas de Israel ofendem a Deus quando idolatram outros deuses, tal como quando têm relações de adultério, conforme Os. 3: 1: “O SENHOR disse-me ‘Ama de novo a uma mulher que foi amada de seu amigo, contudo uma adúltera’, de acordo com o amor do SENHOR para os filhos de Israel, embora se voltem a outros deuses e gostem das tortas de uvas”.

Porém, os livros da Lei também sugerem o que não pretendem. Lv. 18, por exemplo, é cheio de proibições a parceiros sexuais. Presumo que principalmente fale sobre incesto. Ele é resumido no versículo 6: “nenhum de vós se achegará àquela que lhe é próxima por sangue, para descobrir sua nudez. Eu sou o SENHOR”.

No versículo 8, “Não descobrirás a nudez da mulher do teu pai: é a nudez de teu pai. Consequentemente, a mulher do seu pai não é necessariamente a sua mãe. No verso 7, ter sexo com os pais era proibido.

Atualmente, ter relações sexuais com nossos próprios pais parece chocante para nós. Entretanto, antigamente, isso era possivelmente comum, pois o filho herdava as posses do pai, incluindo a mulher. Por exemplo, 1. Reis 15: 2 conta que a mãe do Rei Abias de Judá era Maaca, a filha de Absalão - cujo nome também foi traduzido como Abissalão ou, em hebraico, Abishalom, o filho de Davi. O versículo 10 do mesmo capítulo fala que a mãe do Rei Asa, filho de Abias, também era Maaca, a filha de Absalão. Levando em consideração que Abias, de acordo com o versículo 2, reinou apenas durante três anos, pode-se concluir que ele foi entregue a sua própria mãe para relações sexuais, por seu pai ou seu avô na qualidade de cacique da Família Real, enquanto seu pai ainda era vivo!

Em Lv. 18, “A nudez de sua irmã, a filha de seu pai, ou filha de sua mãe, seja nascida na casa ou for a dela, não te envolvas sexualmente com ela”. Parece muito comum, assim, que o pai e a mãe tivessem filhos com outros parceiros.

Mas a questão deste capítulo é a proibição de muitos parceiros mencionados para especialmente o sexo. Em outras palavras, se a expressão “Lo na’aph” (não cometer adultério) significa que o sexo é permitido somente com o parceiro casado com a pessoa, então este capítulo inteiro seria supérfluo. Por isso, a regra não existia! Além disso, a palavra “adultério” não ocorre neste capítulo. O que se menciona, aqui, não é o adultério!

As pessoas tinham relações sexuais livremente com estranhos e isso algumas vezes ocorria errado. Por exemplo, em Nm. 25, as pessoas acampavam perto dos moabitas (versículo 1) e “entregaram-se à libertinagem com as filhas de Moab”. Então a ira do SENHOR foi arremessada contra Israel no versículo 3 e isso deve ter sido realizado na forma de uma praga que causou a morte de muitos israelitas, segundo o versículo 8.

É possível especular, hoje, que os moabitas carregavam germes aos quais eram resistentes, mas para os israelitas esses germes eram mortais, da mesma forma que muitos americanos nativos morreram de gripe e resfriado trazidos pelos colonizadores brancos. Na época de Moisés e depois dele, por toda a Idade Média e além, as doenças eram vistas como a fúria de Deus. O papel dos germes foi somente descoberto e aceito entre o final do século XIX e início do século XX. Isto geralmente fazia com que as pessoas tentassem punir o supostamente culpado por trazer a ira de Deus. Também em Nm. 31 os israelitas foram e mataram todos os midianitas, pois (versículo 16) “eles induziram os filhos (não crianças) de Israel, por conselho de Balaão, a se perverterem contra o SENHOR na questão de Fegor, que foi também a causa do flagelo que feriu a assembleia do SENHOR”. Baal-Fegor (Belfegor) foi outro deus cuja adoração era proibida assim como a adoração de todos os outros deuses nos primeiros e mais importantes mandamentos.

Então, o que de fato causou a ira de Deus em Nm. 25? Não foi o fato de que os israelitas tiveram relações sexuais com os moabitas. Foi (versículos 2 e 3) que “elas (as filhas de Moab) convidavam o povo para os sacrifícios aos seus deuses. E as pessoas tomavam parte nos seus banquetes e adoravam os seus deuses. E os israelitas se reuniram para adorar o deus Baal-Fegor: e por isso a ira do SENHOR se acendeu contra Israel”. Não foi o sexo que gerou a ira do Senhor, mas sim comer dos sacrifícios feitos a Baal-Fegor e adorar ele e outros deuses!

Dessa forma, disse Moisés (versículo 5): “Cada um de vós mate os seus que se tenham juntado a Baal-Fegor”. A praga foi finalmente estabelecida quando, no versículo 8, Fineias, neto de Araão, foi até a tenda depois de um israelita que (versículo 6), “trouxe para junto de seus irmãos uma mulher midianita”, e enfiou em ambos uma lança, “ferindo-os no ventre”, provavelmente quanto faziam sexo.

Agora, vamos refletir um pouco mais sobre a frase (versículo 6), que diz “trouxe para junto de seus irmãos uma mulher midianita”. Imagine um clube com casais de meia-idade hoje, que jogam boliche uma vez por semana e acampam uma vez por ano. Certa vez, um homem se encanta pela beleza de outra mulher no estacionamento e no outro dia de manhã ele finge estar mal, permanece no estacionamento enquanto os outros saem para uma caminhada. Ele vai, fala com a mulher e eles acabam fazendo sexo. Poderíamos dizer que “a mulher foi trazida para junto de seus irmãos” ou “sócios do clube”? Esta frase mostra como era fácil e promíscuo o ato sexual na época de Moisés. O sexo não era uma ofensa, pois era venerar outro deus – comer o que tinha sido sacrificado para esse outro deus era considerado ofensa!

Entretanto, Ez 23 é o capítulo que mostra que o adultério está relacionado a sangue derramado, provavelmente sangue derramado em sacrifício a outro deus, não assassinato, visto que o ato do Rei Davi para com Urias o Heteu não foi considerado adultério no Tanakh, embora a palavra moderna “adultério” certamente venha à mente. A história é contada em 2. Sm. 11 e é julgada em 2. Sm. 12: 1 a 12 e 1. Reis 15: 5.

Ezequiel conta a parábola de duas irmãs, Oola, que significa “sua própria tenda”, denotando Israel, e Ooliba, que significa “minha própria tenda”, denotando Judá. As duas atuavam como prostitutas, com muitos amantes, o que denotava que Israel e Judá veneravam muitos outros deuses. O fato de essas mulheres terem suas próprias tendas significava que não eram possuídas ou casadas. Tudo que fizeram não ofendeu seu proprietário ou esposo, mas sim a Deus, da seguinte maneira:

Ez. 23: 37, "Elas cometeram adultério (na’aph), há sangue em suas mãos, e com seus ídolos cometeram adultério (na’aph), até os seus filhos, quem deram a luz para mim, fizeram-nos passar pelo fogo para queimá-los". A mulher do vizinho não é mencionada! Elas comiam as próprias crianças como sacrifício a outro deus! Isto é adultério!

O capítulo apresenta queixa sobre essas mulheres terem profanado o santuário e o sabá. O versículo 39 diz claramente que elas massacraram seus próprios filhos. Elas provavelmente poderiam fazer isso já que tinham suas próprias tendas e porque não pertenciam a um proprietário ("baal", ou esposo, na versão do Rei James). Segundo o versículo 45, homens justos "vão julgá-las, como se faz com as adúlteras e com aquelas que derramam sangue".

Em Oseias 4: 2, há uma lista de ofensas cometidas pelos filhos de Israel: "Juram falso, mentem, assassinam, roubam e cometem adultério, usam de violência e acumulam homicídio sobre homicídio". O sangue é derramado devido ao adultério, nessa frase, não ao anterior listado matar!

Portanto, o que consideramos adultério seguramente não foi proibido no mandamento "Não cometerás adultério". Este mandamento não lida com qualquer direito de uma mulher em restringir a vida sexual de seu proprietário ou esposo! Sua posição na lista dos mandamentos mostra que está na transição de mandamentos sobre Deus aos mandamentos sobre o vizinho, enquanto a esposa do vizinho é levada em consideração no último e menos importante mandamento. Engravidar a mulher do seu vizinho é uma ofensa facilmente reparável visto que a mulher pode, com um simples procedimento, ser transformada em uma "betulah" novamente - palavra traduzida pelo Rei James como virgem.

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